Os profissionais de Odontologia estão expostos à diversos riscos biológicos, o que aumenta a probabilidade de contrair doenças infecciosas.
O contato direto com o paciente, a geração de aerossóis em diversos procedimentos clínicos e o risco de acidentes com instrumentais perfurocortantes contribuem para a possibilidade de contaminação.
Para minimizar os riscos, além de medidas de biossegurança odontológica preconizadas pela ANVISA, é fundamental a imunização dos profissionais de saúde, conforme consta na Norma Regulamentadora 32 (NR-32)
Portanto, é muito importante que tanto o dentista quanto a sua equipe estejam imunizados, pois a vacinação é a primeira barreira de proteção contra doenças infecciosas.
Neste artigo vamos abordar a importância da imunização, as vacinas indispensáveis, os esquemas vacinais recomendados e esclarecer mitos sobre a vacinação.
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Importância da imunização na Odontologia
O ambiente odontológico envolve a exposição frequente dos profissionais à riscos biológicos, por conta do contato direto com sangue, saliva, secreções de lesões, aerossóis e instrumentais odontológicos perfurocortantes.
Devido o dentista e toda a equipe estar em contato direto com material biológico, há um alto risco de contrair doenças infecto contagiosas, devido ao contato direto com microrganismos e a possibilidade de contaminação cruzada.
Nesse contexto, a vacinação surge como uma das formas mais eficazes de prevenção, protegendo não apenas o dentista, mas também sua equipe e pacientes.
Alguns fatores tornam os profissionais de Odontologia um grupo com maior risco de contaminação:
Contato com sangue e fluidos corporais: aumenta a possibilidade de contaminação devido ao contato direto com material biológico;
Produção de aerossóis durante procedimentos clínicos: propaga microrganismos no ambiente, aumentando o risco de contaminação, principalmente de doenças respiratórias;
Uso de instrumentos perfurocortantes: favorece acidentes ocupacionais com risco de transmissão de doenças;
Possibilidade de contaminação cruzada: uma paciente/profissional pode transmitir uma patologia para outro se não seguir medidas de biossegurança odontológica, incluindo a vacinação.
É importante lembrar, que por meio da norma regulamentadora NR – 32, o Ministério do Trabalho estabelece medidas de proteção e biossegurança aos profissionais de saúde.
Esta norma regulamenta medidas de biossegurança, desde o uso de EPIs até a imunização das equipes de saúde, o que inclui a vacinação da equipe odontológica.
Portanto, a vacinação em Odontologia se torna não apenas uma medida individual de proteção, mas também uma estratégia coletiva de biossegurança odontológica, sendo fundamental que todos os membros da equipe estejam com o esquema vacinal em dia.
Vacinas essenciais na Odontologia
A seguir, apresentamos as vacinas fundamentais que devem estar atualizadas na caderneta de vacinação do cirurgião-dentista e de toda a equipe odontológica, incluindo acadêmicos:
Hepatite B
Transmitida pelo contato com sangue e secreções, podendo evoluir para formas crônicas e até câncer hepático.
É indicado fazer o Anti-HBs entre o 7º e 13º mês, para documentar a viragem sorológica.
Tétano e Difteria (dT adulto ou toxoide tetânico)
O tétano pode ser adquirido por acidentes com instrumentos perfurocortantes.
Além disso, a difteria é altamente contagiosa, sendo uma doença que afeta principalmente a pele as vias respiratórias, formando placas esbranquiçadas e dificultando a respiração.
Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola – SCR)
Imunização tripla para três doenças virais:
Sarampo: doença caracterizada pela presença de febre alta, tosse, coriza, olhos vermelhos, manchas vermelhas na pele e pode causar complicações graves;
Caxumba: doença que pode afetar qualquer tecido glandular e/ou nervoso, sendo muito comum atingir as glândulas parótidas, glândulas submandibulares e glândulas sublinguais, podendo também afetar o cérebro e os testículos;
Rubéola: uma infecção respiratória extremamente contagiosa, que apresenta como principais sintomas febre baixa e erupção cutânea. Em gestantes, pode causar aborto ou malformações congênitas.
É uma vacina contraindicada na gestação, sendo recomendado evitar a gravidez até um mês após receber a vacina.
Influenza
Popularmente conhecida como gripe, é uma infeção respiratória contagiosa caracterizada por febre, tosse, dor de garganta, dores no corpo e pode gerar complicações graves.
COVID-19
É uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e apresenta alta transmissibilidade .
A pandemia reforçou a importância da proteção dos profissionais de saúde contra a Covid-19 e demais doenças respiratórias.
Febre Amarela
É uma doença viral grave transmitida por mosquitos, apresentando sintomas como febre, dor de cabeça, icterícia, fadiga e com elevada letalidade nas suas formas graves.
A vacina é recomendada para profissionais que realizam atendimento em áreas endêmicas ou que viajam para regiões de risco.
Tuberculose (BCG)
É uma doença infecciosa que afeta principalmente os pulmões. Os sintomas mais comuns são a tosse por mais de três semanas, febre vespertina, suores noturnos e emagrecimento.
A vacina BCG protege contra as formas graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea, e deve ser administrada em crianças.
Adultos com teste tuberculínico negativo devem vacinar-se contra a tubérculose.
É de responsabilidade do dentista, como líder da equipe e gestor do consultório, garantir a biossegurança do ambiente clínico, orientando e monitorando a imunização de todos os colaboradores.
Esquema Vacinal para o profissional de Odontologia
A vacinação pode ser realizada em postos de saúde, clínicas particulares ou por meio de programas de imunização organizados por sindicatos e associações de profissionais da Odontologia.
A administração das vacinas deve seguir um cronograma adequado, conforme as diretrizes de saúde pública, sendo fundamental registrar as datas de administração, os lotes das vacinas e reações adversas (se houver).
Manter as vacinas em dia é indispensável para a proteção do dentista e de sua equipe.
A seguir, listamos o esquema vacinal recomendado para profissionais de Odontologia:
É importante lembrar que os profissionais de Odontologia que apresentam doenças crônicas e/ou imunossupressão devem conversar sobre as opções de vacinação com o médico responsável pelo acompanhamento da condição sistêmica, para adequar a imunização de acordo com suas necessidades, sem comprometimento da saúde.
Nesse caso, se houver alguma contraindicação, o profissional deve procurar em sua região os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE). Esse é um serviço do SUS direcionado para pacientes que não podem ser imunizados pelas vacinas disponíveis na rede pública convencional.
Cada profissional deve consultar um médico ou unidade de saúde para confirmar seu esquema vacinal individual, considerando histórico pessoal e condições clínicas.
Mitos e verdades sobre as vacinas
Apesar das recomendações, ainda existem dúvidas e mitos sobre vacinas, principalmente sobre “reações”após a vacinação.
Os efeitos colaterais são, na maioria das vezes, leves e temporários, sendo as mais comuns dor no local da injeção, febre baixa, fadiga e mal-estar.
Esses sintomas geralmente desaparecem em poucos dias e não necessitam de intervenção médica. Em casos raros, podem ocorrer reações alérgicas, que necessitam de atendimento médico imediato.
Vamos esclarecer os principais mitos e verdades sobre as vacinas:
I. Quem teve uma determinada doença já desenvolveu imunidade
Mito. Apenas a testagem sorológica pode confirmar imunidade.
II. As vacinas contribuem para o controle de epidemias
Verdade. Diversas doenças apresentam registros raros ou inexistente devido à imunizações em massa por meio de campanhas de vacinação.
III. Profissionais de Odontologia podem escolher se vacinar ou não
Mito. A vacinação faz parte das normas de biossegurança, conforme consta na norma regulamentadora NR – 32.
IV. Adultos não precisam de reforço de tétano
Mito. O reforço deve ser feito regularmente, principalmente em profissionais da saúde.
V. A vacina contra influenza causa gripe
Mito. A vacina contém vírus inativados e não causa a doença. Essa regra vale para as demais vacinas.
As contraindicações para a vacinação são para pacientes com alergia à componentes da vacina e condições sistêmicas específicas.
Por isso é fundamental consultar um médico antes da vacinação para garantir que não há contraindicação.
Conclusão
Dentistas e demais profissionais de odontologia, incluindo acadêmicos, lidam diariamente com risco de contaminação, por causa do contato direto com sangue, fluidos, aerossol e exposição à diversos microrganismos.
Para segurança dos pacientes e dos profissionais, é fundamental manter o esquema vacinal atualizado.
Além da vacinação, outras práticas de biossegurança, como a esterilização adequada dos instrumentos, o uso de EPIs e a higiene das mãos, são importantes para a prevenção de infecções e contaminação cruzada.
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Acompanhe o blog e saiba mais sobre biossegurança e demais assuntos importantes para a prática odontológica.
CRO SP-77324
Cirurgiã-dentista pela Universidade Paulista (UNIP), especialista em endodontia pelo Hospital Geral do Exército de São Paulo (HGESP) e especialista em marketing pela Universidade Mackenzie.
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