A exodontia do terceiro molar, popularmente chamada de extração do dente do siso, é um procedimento rotineiro no dia a dia do consultório odontológico.
Apesar de comum, é fundamental avaliar a necessidade da exodontia e realizar um planejamento pré-operatório detalhado, para evitar complicações no pós-operatório e garantir o sucesso do caso clínico.
Neste artigo, vamos abordar os principais aspectos para a realização desse procedimento: indicações, posição do elemento dental na arcada dentária, exames necessários, cuidados no pós-operatório e como prevenir complicações durante e após a cirurgia.
Indicações da exodontia do terceiro molar
Para avaliar a necessidade de exodontia do siso, o dentista deve considerar se há espaço na arcada dentária, se o elemento dental está erupcionado, incluso ou semi-incluso, avaliar a oclusão do paciente e o risco de comprometimento de alguma estrutura anatômica, como por exemplo o nervo alveolar inferior.
Principais indicações para extração do terceiro molar
- Falta de espaço na arcada dentária;
- Comprometimento da oclusão;
- Tratamento ortodôntico;
- Risco de reabsorção radicular do segundo molar;
- Pericoronarite recorrente;
- Risco de cárie e/ou doença periodontal, devido à dificuldade de higienização;
- Presença ou prevenção de cistos ou tumores;
- Disfunção de ATM;
- Cirurgia ortognática;
- Prevenção de fratura da mandíbula.
Quando o terceiro molar está erupcionando, o paciente pode apresentar os seguintes sinais e sintomas clínicos:
- Dor local;
- Dor de cabeça;
- Dor de ouvido;
- Edema facial;
- Edema gengival;
- Trismo;
- Halitose;
- Pericoronarite.
Antes de realizar a exodontia, é fundamental o profissional realizar uma anamnese odontológica detalhada (para avaliar a saúde bucal, saúde sistêmica, alergias, possíveis riscos cirúrgicos e necessidade de antibioticoterapia profilática), exame clínico, exame físico e a solicitação de exames complementares.
Em relação ao planejamento cirúrgico é fundamental o dentista solicitar uma radiografia panorâmica e se houver necessidade, complementar o planejamento com uma tomografia computarizada para uma visão tridimensional do caso clínico.
Além dos exames de imagem, o paciente deve realizar exames complementares, como por exemplo hemograma completo e coagulograma.
A avaliação pré-operatória é fundamental para evitar intercorrências durante e após o procedimento e garantir o sucesso cirúrgico.
Na maioria dos casos, a exodontia é realizada no consultório odontológico. Cabe ao dentista avaliar a necessidade da realização do procedimento em ambiente hospitalar.
Classificação das posições do terceiro molar
Para a realização do planejamento cirúrgico, é essencial a avaliação da erupção do elemento dental (erupcionado, semi-incluso ou incluso/impactado), formação dentária (parcial ou completa) e a posição do elemento dental.
Essas informações são necessárias para o dentista selecionar a técnica cirúrgica e avaliar os riscos, incluindo o comprometimento de estruturas anatômicas.
Para avaliar a posição do terceiro molar na arcada dentária, são utilizadas duas classificações:
Classificação de Pell e Gregory
Essa classificação avalia a relação do terceiro molar com o ramo da mandíbula e com o plano oclusal do segundo molar, dividindo-se em:
Relação com o ramo da mandíbula
- Classe I: Há espaço suficiente para a erupção completa do dente, pois o mesmo está totalmente à frente da margem anterior do ramo;
- Classe II: O espaço entre o ramo da mandíbula e o segundo molar é insuficiente, resultando na erupção parcial do terceiro molar, pois o dente está parcialmente à frente da margem anterior do ramo;
- Classe III: Não há espaço para o dente irromper, pois está completamente impactado dentro do ramo, tornando a exodontia complexa.
Relação com o plano oclusal do segundo molar inferior
- Posição A: Plano oclusal está na altura do plano oclusal do segundo molar;
- Posição B: Plano oclusal do terceiro molar está entre o plano oclusal e a margem cervical do segundo molar;
- Posição C: Plano oclusal está inferior à margem cervical do segundo molar.
Exemplo da classificação: Classe I, posição A
Classificação de Winter
Essa classificação descreve a inclinação do longo eixo do terceiro molar em relação ao longo eixo do segundo molar. É mais utilizada para a maxila, mas também pode ser aplicada em relação à mandíbula.
Conheça as principais posições:
- Vertical: Longo eixo do terceiro molar está vertical ao longo eixo do segundo molar, portanto o dente posicionado corretamente;
- Mesioangulada: Longo eixo está direcionado à mesial do segundo molar;
- Distoangulada: Longo eixo está direcionado à mesial do segundo molar;
- Horizontal: Longo eixo está perpendicular ao longo eixo do segundo molar;
- Vestíbulo – angular/línguo – angular: Oclusal do terceiro molar está inclinada para a face vestibular ou lingual ou palatina;
- Invertida: Dente posicionado no sentido contrário à posição de erupção. A raiz do siso está no sentido da oclusal do segundo molar.
Pós-operatório da exodontia do terceiro molar
O acompanhamento do paciente após o procedimento, bem como os cuidados no pós-operatório, são medidas fundamentais para prevenir intercorrências após a cirurgia.
As complicações mais comuns após a exodontia do terceiro molar são:
- Hemorragia;
- Dor, edema e febre devido à infecção bacteriana;
- Alveolite seca;
- Alveolite supurativa;
- Comunicação buco-sinusal;
- Parestesia.
É importante lembrar que nas primeiras 48 horas após a cirurgia é comum ocorrer edema e sensibilidade leves, que diminuem com o passar dos dias.
Para ter um pós-operatório tranquilo e qualidade na formação tecidual, as principais medidas são:
Controle de Dor, edema e inflamação
- Uso de analgésicos e anti-inflamatórios;
- Compressa de gelo nas primeiras 24 horas;
- Dieta fria/gelada, alimentos líquidos e pastosos, conforme orientação do dentista.
Prevenção de infecção
- Uso de antibiótico;
- Higiene oral adequada;
- Uso de colutório antisséptico (sem realizar bochechos), conforme orientação do dentista.
Hábitos
- Repouso absoluto 24h após a cirurgia;
- Evitar exposição ao calor;
- Não fumar;
- Não ingerir bebida alcoólica;
- Não ingerir alimentos ácidos.
- Evitar cuspir;
- Aguardar a autorização do dentista para realizar atividade física;
- Evitar falar/conversar muito.
Além dessas medidas, é essencial o monitoramento do paciente, para o dentista avaliar o processo de cicatrização e identificar qualquer intercorrência durante a recuperação do paciente.
Conclusão
Para o sucesso do procedimento cirúrgico, é essencial o profissional realizar uma anamnese minuciosa e um planejamento detalhado, para minimizar riscos e proporcionar uma recuperação tranquila ao paciente.
A avaliação criteriosa das indicações, bem como a solicitação de exames de imagem, exames complementares e monitoramento do paciente no pós-operatório são medidas fundamentais para o sucesso do caso clínico.