Você já ouviu falar sobre o Mewing? A técnica, que viralizou nas redes sociais, principalmente no Tik Tok, promete definir o rosto e a mandíbula sem a necessidade cirurgias ou tratamentos ortodônticos.
Contudo, além de não ter benefícios comprovados pela literatura científica, o Mewing também pode causar danos à articulação temporomandibular e desencadear outros problemas dentais.
Continue a leitura para entender mais sobre o tema e os riscos à saúde bucal associados a essa prática.
Técnica de Mewing: o que é?
Mewing é o nome dado a uma intervenção terapêutica alternativa a tratamentos como a cirurgia ortognática e a ortodontia convencional. Basicamente, consiste em realizar uma série de exercícios para orientar o crescimento facial.
A técnica tem como principal fundamento pressionar a língua contra o palato com os lábios selados e os dentes em contato ou próximo a ele, buscando alcançar a estética facial “ideal”.
Além disso, envolve posturas suplementares, como adotar uma postura ereta ao sentar-se ou ficar em pé, alinhando assim a linha da mandíbula e o rosto com o peito.
Os supostos benefícios do Mewing incluem a melhora da estética facial em adultos e crianças, além do tratamento de distúrbios como apneia do sono.
Defensores também alegam que ela ajuda a corrigir problemas relacionados à respiração e deglutição, fala, disfunção e dor da ATM, sinusite e roncos.
A origem da técnica
O Mewing, originalmente chamado de ‘orthotropics’, foi desenvolvido na década de 1960 pelo ortodontista britânico John Mew. A técnica era aplicada em crianças, durante o período de crescimento ósseo.
Embora tenha sido criada há bastante tempo, só ganhou popularidade em 2012, quando o filho de John, Mike Mew, começou a publicar vídeos no Youtube falando sobre os benefícios do método e como aplicá-lo no dia a dia.
Não demorou muito para a técnica viralizar em redes sociais, como o Tik Tok, sendo adotada por pessoas que buscavam alinhar os dentes ou modelar o maxilar sem recorrer ao tratamento ortodôntico.
Mewing funciona?
Na internet, existem muitos relatos de pessoas que praticam o Mewing há anos, alegando mudanças na estrutura óssea, qualidade da respiração nasal e até postura.
No entanto, não existe trabalho científico que comprove a eficácia desse método. Pelo contrário, os movimentos repetitivos podem inclusive desencadear uma série de disfunções, como:
- Alterações nas articulações;
- Desalinhamento dos dentes;
- Afrouxamento dos dentes;
- Desgaste do esmalte;
- Problemas de mordida;
- Problemas de fala;
- Entre outros
Vale lembrar que a mandíbula é uma estrutura óssea em forma de ferradura, com um ângulo em “L” de cada lado do rosto, que durante a infância e adolescência se desenvolve conforme o crescimento ósseo.
Já na fase adulta, não há mais esse desenvolvimento mandibular e facial, e modificar a forma ou posição da mandíbula de maneira significativa, exige o uso de aparelhos corretivos ou uma intervenção cirurgia.
- Na fonoaudiologia existem vários exercícios que ajudam a fortalecer os músculos da face e da boca. Contudo, eles não são capazes de mudar o ângulo da mandíbula ou da maxila, por exemplo.
A falta de evidências, culminou não só na perda de licença de John Mew, em 2017, mas também na expulsão de Michael Mew da British Orthodontic Society, em 2019, devido à sua conduta nas redes sociais.
A importância de orientar os pacientes
Em 2024, devido a tendência crescente nas redes sociais, a técnica gerou preocupação entre os profissionais da American Association of Orthodontists (AAO).
A instituição publicou conteúdos alertando a população sobre os potenciais problemas causados por técnicas não comprovadas e a importância de procurar um profissional qualificado para realizar um tratamento adequado.
- Segundo o presidente da AAO, Myron Guymon: “Não há evidências científicas que sustentem suas alegações de remodelar a linha do maxilar, e os riscos potenciais superam quaisquer benefícios não comprovados.”
Esse alerta reforça a necessidade de orientar os pacientes sobre os riscos das informações disseminadas em redes sociais e a importância de realizar tratamentos baseados em evidências – como o uso de aparelhos ortodônticos, cirurgias ortognáticas e harmonização facial.
Neste conteúdo, vimos que:
- O Mewing viralizou nas redes sociais com a promessa de definir a linha do maxilar e até alinhar os dentes.
- A técnica é rejeitada pela comunidade científica devido à falta de comprovação de sua eficácia.
- É essencial alertar os pacientes sobre os riscos de adotar tratamentos sem base científica.
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Fontes consultadas:
Odontoclinic Blog
O Povo
CROSP
AAO
Journal of Oral and Maxillofacial Surgery
BBC