Resina Composta: uma análise detalhada para a prática odontológica

Resina Composta: uma análise detalhada para a prática odontológica

A resina composta na Odontologia possui grande destaque devido à versatilidade (indicadas para restaurações de dentes anteriores e posteriores), estética, adesão e resistência à força mastigatória, permitindo a confecção de preparos cavitários conservadores e preservando o elemento dental.

A primeira resina composta foi desenvolvida em 1956 pelo Dr. Rafael Bowen, pesquisador da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos. O biomaterial revolucionou a Odontologia, mas apresentava limitações relacionadas a estética e longevidade da restauração.

Com o avanço da inovação e tecnologia na Odontologia, foram desenvolvidas novas formulações, incorporando partículas de carga e matrizes de polímero com características físicas e químicas aprimoradas, resultando em materiais com melhor desempenho clínico.

Neste artigo vamos abordar sobre a importância da resina composta na Odontologia, indicação clínica, classificação, composição e propriedades, para que o dentista possa escolher o material ideal para cada caso clínico.

Resina composta na Odontologia

A resina composta é um biomaterial estético indicado para restaurações diretas e indiretas. Saiba mais sobre as indicações de uso da resina composta:

  • Restauração em dentes anteriores e posteriores;
  • Reparo em restaurações diretas e indiretas;
  • Fechamento de diastemas;
  • Facetas;
  • Núcleo de preenchimento;
  • Selante de fóssulas e fissuras.

As resinas compostas apresentam destaque na Odontologia por ser um material estético que devolve ao paciente estética e função, devido à suas características e variedade de aplicações clínicas.

Mas ao escolher o material restaurador, é importante o dentista conhecer as vantagens e desvantagens da resina composta:

Imagem explicando as vantagens da resina composta na odontologia, incluindo biocompatibilidade, baixa condutibilidade térmica, estética, preservação do tecido dental, facilidade de reparo, restauração de alta qualidade e custo-benefício.
Lista informando as desvantagens da resina composta na odontologia, incluindo contração, expansão térmica, sorção de água e sensibilidade após procedimentos restauradores.

Para o dentista escolher a resina composta fotopolimerizável ideal para cada caso clínico, é importante conhecer a composição, classificação e propriedades do biomaterial.

Composição das resinas compostas

A resina composta dental contém matriz orgânica, carga inorgânica, agentes de união e iniciadores. Saiba mais sobre a composição:

I. Matriz Orgânica

É formada de polímeros por meio da união de monômeros dimetacrilatos:

  • BIS-GMA (bisfenol-A glicidil metacrilato)
  • UDMA (uretano dimetacrilato)
  • TEGDMA (trietileno glicol dimetactrilato)
  • BI-EMA (bisfenol hidroxietil metacrilato)
  • EGDMA (etilenoglicol dimetacrilato)

O BIS-GMA é o principal monômero, os demais monômeros são inseridos no produto em proporções menores, sendo responsáveis pelas características físicas das resinas.

II. Carga inorgânica

Confere ao material as seguintes características:

  • Resistência à tração e compressão;
  • Aumento de rigidez superficial;
  • Estabilidade dimensional;
  • Controle da viscosidade;
  • Redução da contração de polimerização;
  • Diminui a expansão térmica;
  • Atenua a absorção de água;
  • Radiopacidade.

As partículas de carga mais utilizadas são:

  • Vidro;
  • Cerâmica;
  • Sílica;
  • Quartzo;
  • Zircônia.

As partículas são adicionadas em diferentes proporções, variando entre 60% a 80%, de acordo com a indicação clínica da resina.

III. Agentes de união

Os agentes mais utilizados são os silanos, que permitem a união química da matriz orgânica à carga inorgânica, melhorando a adesão da carga com a matriz polimérica, formando a resina composta.

IV. Iniciadores

São responsáveis por desencadear a polimerização da resina. Os mais comuns são o peróxido de benzoíla e a canforoquinona.

O comprimento de onda para ocorrer a polimerização das resinas compostas fotopolimerizáveis é de 470nm.

Além dos componentes citados, a formulação pode conter outros aditivos, como por exemplo pigmentos de cor e inibidores de oxigênio para evitar a polimerização indesejada.

Classificação da resina composta na odontologia

As resinas são classificadas de acordo com 3 características:

Imagem explicativa sobre partículas, viscosidade e tipo de ativação, destacando a relação com resistência mecânica, escoamento, resistência da resina composta na odontologia e ativação por reação química ou luz.

Saiba mais sobre cada classificação

I.Tamanho das partículas

As características físicas das resinas apresentam relação direta com o tamanho das partículas, sendo classificadas como:

A. Resina composta de macropartículas:

  • Primeira resina do mercado;
  • Maior susceptibilidade ao manchamento;
  • Menor coeficiente de expansão térmico-linear;
  • Baixa resistência mecânica.

Indicada para dentes posteriores.

👉 Devido à essas características, a resina de macroipartículas não é mais comercializada.

B. Resinas composta de micropartículas:

  • Maior lisura superficial;
  • Melhor acabamento e polimento;
  • Alto coeficiente de expansão;
  • Maior sorção de água;
  • Baixa resistência mecânica.

Indicada para dentes anteriores.

C. Resina composta híbrida:

  • Apresentam os dois tipos de partículas (macro e micro);
  • Resistência mecânica;
  • Bom acabamento e polimento.

Indicada para dentes anteriores e posteriores.

D. Resina composta microhíbrida:

  • Partículas de diferentes tamanhos;
  • São consideradas a evolução das híbridas;
  • Bom acabamento e polimento.

Indicada para dentes anteriores e posteriores.

E. Resina composta nanoparticuladas:

  • Apresentam partículas menores que as resinas microparticuladas;
  • Excelente lisura superficial;
  • Excelente acabamento e polimento.

Indicada para dentes anteriores.

F. Resina composta nanohíbridas:

  • É modificação da resina microhíbrida, inserindo nanopartículas;
  • Alta resistência mecânica;
  • Maior lisura superficial;
  • Excelente acabamento e polimento;

Indicada para dentes anteriores e posteriores.

II. Grau de viscosidade

Em relação à viscosidade, as resinas são classificadas como:

Infográfico explicativo sobre resinas compostas na odontologia de baixa, média e alta viscosidade, destacando suas características e aplicações em odontologia.

III. Ativação

Em relação à ativação, as resinas podem ser:

A. Resina composta fotoativada:

  • Ativada por luz visível;
  • Fotopolimerizável;
  • Iniciador: canforoquinona.

B. Resina composta quimicamente ativada:

  • Ativadas quimicamente;
  • Autopolimerizável;
  • Pasta base + pasta catalisadora;
  • Ativador/iniciador: amina terciária e peróxido de benzoíla.

Propriedades da resina composta

As resinas compostas apresentam três propriedades: físicas, mecânicas e ópticas. Saiba mais sobre cada uma delas:

I. Propriedades físicas das resinas compostas

  • Contração de polimerização;
  • Estabilidade de cor;
  • Solubilidade em meio aquoso;
  • Sorção de água;
  • Radiopacidade.

A contração de polimerização das resinas compostas é um ponto de atenção em relação ao sucesso do procedimento restaurador.

Para minimizar essa característica física, é importante realizar a técnica incremental e calibrar o aparelho fotopolimerizador utilizando um radiômetro, para prevenir sensibilidade pós-operatória e infiltração marginal, promovendo a durabilidade da restauração.

Uma evolução em relação à contração de polimerização é o desenvolvimento da resina bulk fill , que apresenta menor tensão de contração de polimerização, permitindo a inserção de incremento único de até 4 mm (variando de acordo com o fabricante).

II. Propriedades mecânicas das resinas compostas

  • Resistência ao desgaste;
  • Resistência à flexão;
  • Módulo de elasticidade.

As propriedades mecânicas apresentam relação direta com a quantidade de carga inorgânica da resina, conferindo resistência aos impactos mastigatórios.

III. Propriedades ópticas das resinas compostas

  • Opacidade;
  • Opalescência;
  • Contraopalescência
  • Fluorescência;
  • Traslucidez.

As propriedades ópticas apresentam relação direta com a capacidade do material de produzir características ópticas semelhantes ao dente hígido, conferindo à restauração estética, naturalidade e percepção de cor.

Para garantir a estética do procedimento restaurador, o dentista também deve selecionar a resina de acordo com os seguintes aspectos:

  • Matiz: é a cor principal. As cores utilizadas na Odontologia são classificadas em A, B,C e D;
  • Croma: intensidade e saturação da matiz;
  • Valor: intensidade da luminosidade da cor.

Uma evolução do material em relação em relação às características ópticas é a resina composta de efeito camaleão, que apresenta agentes ópticos que reagem com a luz e com as cores circundantes, mimetizando a cor do produto com o dente natural e “copiando” a cor do elemento dental.

Para promover o sucesso do caso clínico, além de selecionar a resina de acordo com suas características, o dentista deve ficar atento aos fatores que podem impactar na estética, adesão e na qualidade da restauração:

  • Selecionar a cor sob luz natural e antes de realizar o isolamento absoluto;
  • Realizar o isolamento para evitar a contaminação do preparo, que influencia na adesão e pode resultar em infiltração marginal;
  • Aferir a capacidade de polimerização do fotopolimerizador por meio de um radiômetro;
  • Preencher a cavidade pela técnica incremental, respeitando a espessura recomendada por cada fabricante, para minimizar os efeitos da contração de polimerização;
  • De acordo com as características do caso clínico, considerar o uso de resina flow convencional, resina bulk fill (consistência flow ou pasta) ou resina camaleão.

Para promover a longevidade das restaurações em resina composta, além de todas as medidas citadas no texto, é fundamental o dentista orientar sobre a importância da higiene oral e realizar o acompanhamento clínico do paciente, para avaliar a necessidade de reparos ou de polimento da restauração.

Conclusão

A resina composta apresenta um papel de grande importância na Odontologia restauradora, por promover estética, função e longevidade da restauração, além de preservar a estrutura dental por meio de suas características adesivas, que permitem preparos cavitários conservadores.

A evolução das formulações das resinas compostas amplia as indicações clínicas e otimiza as propriedades físicas, mecânicas e ópticas do material.

É fundamental o dentista se manter atualizado sobre as inovações e tendências do mercado odontológico, impactando na longevidade do procedimento restaurador.

Para ficar por dentro de todas as novidades sobre Odontologia, assine a newsletter do blog da Dental Henry Schein.

Leia também: