A resina composta é formada por uma matriz orgânica, carga inorgânica, agente de união e agentes iniciadores, sendo indicada para restaurações em dentes anteriores e posteriores.
Apresenta excelentes propriedades físico-químicas, destacando-se as características ópticas, que apresentam relação direta com a naturalidade da restauração.
Para se obter resultados estéticos em procedimentos restauradores, é fundamental o dentista identificar as características do caso clínico e assim escolher a técnica ideal para cada paciente.
Dentre as técnicas restauradoras, a restauração estratificada em resina composta é indicada para reproduzir as características do elemento dental hígido, devolvendo ao paciente estética e função.
Neste artigo, vamos abordar as principais características ópticas das resinas compostas, quais são os princípios da estratificação que o dentista deve executar e quais são as técnicas mais utilizadas na Odontologia.
Propriedades ópticas da resina composta
São responsáveis pela estética, percepção de cor e por reproduzir características semelhantes ao dente natural.
Saiba mais sobre as principais propriedades ópticas das resinas compostas:
Translucidez
Capacidade de um material permitir a passagem da luz através dele. Quanto mais translúcido um material, maior a passagem de luz.
As resinas compostas translúcidas apresentam menor quantidade de carga, sendo indicadas para reproduzir esmalte e incisal.
Opacidade
Capacidade de um material em bloquear a passagem de luz. Uma maior opacidade ajuda a mascarar a cor subjacente, enquanto uma menor opacidade permite que a luz passe, criando um efeito mais natural.
As resinas compostas opacas são indicadas para reproduzir dentina ou mascarar fundos escuros, evitando coloração acinzentada.
As resinas compostas com maior concentração de partículas inorgânicas tendem a ser mais opacas.
Fluorescência
Capacidade da resina em emitir coloração azulada ou branca intensa quando exposta à luz negra ou outras fontes de luz de alta energia, proporcionando uma aparência natural à restauração sob sob diferentes condições de luz.
Restaurações que não possuem a fluorescência adequada podem parecer opacas ou diferentes do dente natural, comprometendo a estética e naturalidade.
Opalescência
É um fenômeno óptico em que a luz branca interage com um material, refletindo comprimentos de onda azulados e acinzentados, enquanto transmite comprimentos de onda amarelados e alaranjados.
Em uma restauração de resina composta, se refere à capacidade de refletir diferentes tons quando visto sob diferentes ângulos, sendo importante em dentes anteriores, para reproduzir as características de coloração de um dente hígido.
Além de conhecer esses conceitos, para o dentista obter os resultados estéticos desejados, é necessário conhecer os conceitos básicos sobre cor e propriedades ópticas dos materiais.
Em relação à seleção de cor, é importante conhecer os seguintes conceitos:
- Matiz: é a cor principal (tonalidade básica da cor). As matizes utilizadas em resinas compostas são A,B, C e D;
- Croma: é a intensidade da matiz, também chamada de saturação. Se refere à quantidade de cor presente.
- Valor: é intensidade da luminosidade da cor. Valores mais altos indicam cores mais claras, enquanto valores mais baixos indicam cores mais escuras.
É importante lembrar que, além desses conceitos, o dentista precisa ter conhecimento sobre anatomia dental e técnicas de estratificação, para escolher a resina ideal para cada caso clínico.
Princípios da estratificação em resinas compostas
A estratificação em resina composta tem o objetivo de reproduzir o aspecto natural do elemento dental hígido, por meio da aplicação de diferentes camadas de resina com propriedades ópticas distintas, simulando a dentina, o esmalte e a anatomia dental, mimetizando o material restaurador com o tecido dental remanescente.
Conheça os benefícios da estratificação de resina composta em procedimentos restauradores:
- Estética;
- Aparência natural;
- Reprodução fiel da anatomia;
- Custo mais acessível em relação à facetas indiretas;
- Facilidade de reparos.
A técnica de estratificação em resina composta é indicada para as seguintes situações clínicas:
- Restaurações em dentes anteriores;
- Fratura dental;
- Fechamento de diastemas;
- Facetas diretas em resina composta.
Utilizando camadas de resina composta fotopolimerizável com diferentes características, é possível reproduzir a complexidade da estrutura dental natural e da anatomia dental, incluindo aspectos como a translucidez do esmalte, a opacidade da dentina e as nuances de cor que podem variar de um paciente para outro.
Saiba mais sobre os princípios restauradores que o dentista deve considerar ao realizar uma restauração estratificada:
- Escolha da resina: considerar cor, opacidade, translucidez e cores de efeito;
- Camadas de estratificação: utilizar resinas de diferentes opacidades, como por exemplo resinas de esmalte e dentina;
- Espessura das camadas: é fundamental para o sucesso do caso clínico. Resinas de esmalte em excesso produzem um aspecto acinzentado, as opacas em excesso reduzem a naturalidade da restauração;
- Sequência de aplicação: primeiro as resinas opacas, depois as translúcidas, respeitando a anatomia dental;
- Uso de pigmentos: podem ser utilizados para personalizar a saturação da resina ou reproduzir características anatômicas;
- Acabamento e polimento: promovem o brilho, lisura e longevidade da restauração.
Ao realizar a técnica estratificada, é importante observar também as características individuais de cada paciente, incluindo anatomia do elemento dental e faixa etária.
Pacientes jovens apresentam mamelos mais evidentes, maior translucidez de esmalte e dentes mais claros, necessitando de mais efeitos de opalescência que pacientes idosos, que apresentam desgaste de esmalte e dentina mais saturada.
Técnicas de estratificação em resina composta
Existem várias técnicas de aplicação da resina composta que podem ser utilizadas dependendo das cacterísticas do caso clínico.
A técnica monocromática, muito utilizada por sua simplicidade, consiste na aplicação de uma única cor para realizar a restauração em resina.
Embora seja uma excelente técnica em casos de pouca perda de tecido dental ou em dentes posteriores (inclusive utilizando resinas de efeito camaleão), não oferece a naturalidade necessária para características específicas (como em pacientes com a incisal translúcida) ou no caso de preparos extensos ou profundos.
Já a técnica estratificada consegue reproduzir a opacidade e saturação da dentina, a translucidez e opalescência do esmalte, além dos efeitos e variações de cores presentes nos dentes naturais.
Em relação à estratificação , é importante avaliar os dentes vizinhos e as características do preparo para realizar a inserção das camadas nas seguintes direções:
- Frontal: relacionado à textura;
- Lateral: relacionado à espessura;
- Oclusal/incisal: relacionado ao contato com os dentes antagonistas.
Principais técnicas de estratificação em restauração de resina composta
- Técnica de duas camadas: utiliza somente uma resina composta opaca e uma resina composta translúcida;
- Técnica de três camadas: utiliza três camadas, sendo uma de dentina opaca, uma de dentina de corpo e outra de esmalte/translúcida;
- Técnica de três camadas de Vinini: reproduz a anatomia por meio da confecção de um mapa matizado, utilizando resinas com propriedades ópticas distintas;
- Técnica Natural Layering Concept: o foco da técnica é na espessura dos incrementos, tentando reproduzir camadas esmalte e dentina com os mesmos aspectos naturais;
- Técnica Natural Layering Concept Evoluida: trabalha com diversas tonalidades para reproduzir a naturalidade nos incrementos.
A aplicação correta dessas camadas, respeitando sua espessura e posição, permite que a luz se comporte de forma semelhante ao que se comportaria em um dente natural, criando efeitos estéticos e ópticos adequados.
É importante lembrar que a técnica estratificada, como diversos procedimentos em Odontologia, apresenta uma curva de aprendizado, sendo fundamental a atualização profissional sobre técnicas e materiais restauradores.
Além disso, é importante o dentista selecionar a cor sob luz natural e antes de realizar o isolamento absoluto, lembrando que o isolamento é fundamental para evitar a contaminação do preparo cavitário e promover a longevidade da restauração.
Conclusão
Para ter sucesso clínico em restaurações com técnica estratificada, o dentista precisa compreender as propriedades ópticas das resinas e conhecer anatomia dental para escolher a técnica ideal, além de saber realizar a estratificação de forma adequada, incluindo a espessura média de cada camada e transição de esmalte e dentina para reproduzir as características individuais de cada paciente, devolvendo estética e função.
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