Guia completo sobre fluorose dental  

Guia completo sobre fluorose dental  

A fluorose dentária é uma alteração no esmalte causada pela ingestão excessiva de flúor durante o período de formação do esmalte dentário.

É uma condição clínica que pode causar diversas consequências ao elemento dental, além de impactar na estética do sorriso, interferindo também na saúde emocional do paciente.

Neste artigo vamos abordar as causas, diagnóstico, classificação dos graus de fluorose dental e como realizar o tratamento, incluindo alternativas minimamente invasivas.

O que é fluorose dentária?

A fluorose dentária é uma condição que ocorre devido à uma hipomineralização do esmalte, devido a ingestão excessiva de flúor durante a formação do esmalte dental, interferindo na mineralizarão do tecido, sendo caracterizada clinicamente pela alteração de cor e/ou textura do esmalte dentário.

As manifestações da fluorose dentária vão desde manchas brancas e discretas em casos leves, até manchas acastanhadas e porosidade em casos mais severos, podendo causar até a perda da continuidade do esmalte.

As características podem se manifestar da seguinte forma:

  • Manchas brancas;
  • Estriações brancas, difusas e bilaterais;
  • Manchas acastanhadas;
  • Irregularidades no esmalte dentário;
  • Porosidade no esmalte;
  • Sensibilidade dentária devido à exposição do tecido dentinário.

Quais as causas da fluorose dentária?

A condição é causada pela exposição excessiva do indivíduo ao flúor durante a fase da amelogênese.

Isso acontece devido à ingestão elevada de flúor em suplementos, dentifrícios, colutórios, alimentos ricos em flúor (incluindo industrializados) ou fluoretação inadequada da água potável.

Quando os níveis de flúor na água são muito altos, ou se há uma ingestão combinada de outras fontes de flúor, o risco de desenvolver a condição aumenta.

Segundo a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde),a quantidade recomendada de fluoreto na água potável é de 1,5 mg F/L. Esse valor também é recomendado pelos Guias de Controle da Qualidade da Água da Organização Pan-americana de Saúde – OPAS.

Já em relação aos dentifrícios, a quantidade ideal de flúor é de 1.000 a 1.500 partes por milhão (ppm), pois essa concentração é eficaz na prevenção de cáries. 

É importante lembrar que a fluorose dentária não é uma doença e sim uma condição, mas que pode se agravar com o passar dos anos, devido à influência da alimentação e de hábitos de higiene bucal.

Para evitar a hipomineralização, é importante evitar o consumo excessivo de flúor durante o desenvolvimento do esmalte dentário e monitorar as crianças durante a higiene bucal.

Diagnóstico da fluorose dentária

O diagnóstico é clínico, baseado em exame visual, exame clínico, anamnese e histórico do paciente. O profissional pode também solicitar radiografias para compreender a extensão do dano.

O dentista deve considerar os seguintes fatores para realizar o diagnóstico:

  • Idade;
  • Histórico de exposição ao flúor;
  • Distribuição das manchas;
  • Simetria das manchas;
  • Classificação da severidade.

É comum que manchas esbranquiçadas ou alterações na textura do esmalte sejam confundidas com outras condições, por isso é fundamental o dentista realizar diagnóstico diferencial.

Seguem as principais condições a serem diferenciadas:

  • Desmineralização do esmalte causada por cárie inicial;
  • Manchas pós-eruptivas;
  • Hipoplasia de esmalte;
  • Amelogênese imperfeita.

Os principais danos são estéticos, mas em casos mais graves, pode causar alterações na estrutura do esmalte, causando cárie, desgaste de esmalte, alteração de forma e sensibilidade dentinária.

Quais os graus de fluorose dentária?

Para aferir a prevalência e severidade das lesões são utilizadas duas classificações dos níveis de fluorose dentária, sendo elas o Índice de Dean e o Índice de Thylstrup e Fejerskov.

Saiba mais sobre essas classificações:

I. Índice de Dean, proposto pela OMS (Organização Mundial de Saúde):

  • Normal: esmalte superficial liso, brilhante e geralmente de cor branca bege pálida;
  • Questionável: apresenta leves alterações na translucidez de esmalte normal;
  • Muito leve: áreas pequenas e opacas de cor branca, porosa e dispersas irregularmente sobre o dente, mas envolvendo menos de 25% da superfície dentária vestibular;
  • Leve: Manchas brancas mais extensas, porém não ultrapassam 50% da superfície total do elemento dental;
  • Moderado: superfície do esmalte apresentando desgaste acentuado e manchas marrons, normalmente alterando a anatomia dental;
  • Severo: superfície do esmalte apresenta-se muito afetada com hipoplasia acentuada, danificando o formato geral do dente. Apresenta áreas com fóssulas, desgastes e manchas marrons espalhadas pela superfície, evidenciando a aparência de corrosão que podem variar desde pequenos traços esbranquiçados até manchas ocasionais.

II. Índice de Thylstrup e Fejerskov

Também chamado de índice TF, foi criado por Thylstrup e Fejerskov para complementar o índice de Dean, determinando uma classificação do qual houvesse alterações histopatológicas para demonstrar os vários graus da fluorose dentária.

Segue a classificação:

  • Grau 0: translucidez normal, com coloração branco e cremoso, além do esmalte lustroso;
  • Grau 1: ocorre quando as linhas brancas opacas do esmalte cruzam o elemento dentário, podendo ocorrer pequenas manchas brancas nas incisais, conhecidas como “capuz de neve”;
  • Grau 2: pode ocorrer “capuz de neve” nas pontas incisais e pontas de cúspides, sendo comuns nesse grau por causa da junção de linhas opacas com as pequenas áreas nebulosas;
  • Grau 3: as áreas nebulosas são fáceis de encontrar na superfície do dente e nelas são visíveis as linhas brancas;
  • Grau 4: todo elemento dentário se encontra opaco ou de cor branco calcário;
  • Grau 5: a superfície inteira é opaca, e há depressões arredondadas, perda focal do esmalte mais externo, que tem diâmetro inferior a 2 mm;
  • Grau 6: acontece uma fusão de áreas com pequenas depressões no esmalte que formam faixas com menos de 2mm de altura vertical;
  • Grau 7: algumas áreas do esmalte se encontra opaco e o restante com perda de esmalte externo em áreas irregulares, além da grande parte da superfície se encontra muito envolvida.O esmalte intacto restante é opaco;
  • Grau 8: mais da metade do esmalte externo foi perdido e o esmalte restante é opaco;
  • Grau 9: perda da principal parte do esmalte externo resulta em mudança na forma anatômica da superfície do dente. Em alguns casos pode-se encontrar halo opaco na cervical do esmalte.

Após o diagnóstico, o profissional irá realizar o tratamento, que pode ser invasivo ou conservador, conforme o grau de fluorose dentária.

Qual o tratamento para fluorose dentária?

O tratamento varia conforme a gravidade da condição, características do caso clínico e as necessidades do paciente.

Em casos leves, as alterações são mínimas e podem não comprometem a estética, portanto o tratamento pode não ser necessário.

Se houver alteração estética, o dentista pode optar por tratamento minimamente invasivo. Em casos severos, pode haver inclusive a necessidade de restaurações indiretas para devolver ao paciente estética e função. O dentista pode utilizar uma única técnica ou associá-las.

Saiba mais sobre as opções de tratamento para fluorose dental:

Tratamento minimamente invasivo para fluorose dentária

Indicado para casos leves e moderados, sem a necessidade de procedimentos restauradores diretos ou indiretos. Conheça as opções de tratamento:

  • Clareamento dental: indicado principalmente em casos leves para uniformizar a coloração do esmalte e atenuar as manchas brancas;
  • Microabrasão do esmalte: desgaste superficial do esmalte, utilizando abrasivos;
  • Resina Icon – DMG: permite preencher porosidades do esmalte sem desgastar a estrutura dental.

Tratamento invasivo para fluorose dentária:

Nos casos mais graves, há perda da continuidade do esmalte, sendo necessário recorrer à tratamentos restauradores diretos e indiretos.

  • Restaurações diretas;
  • Coroas;
  • Facetas dentárias;
  • Laminados dentários.

O manejo da condição requer uma abordagem abrangente que inclui prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, conforme as características do caso clínico e necessidades emocionais do paciente.

Conclusão

A orientação e conscientização da população são fundamentais para a prevenção da fluorose dentária, incluindo informar os responsáveis pela criança sobre a importância de controlar a ingestão de flúor para evitar danos futuros ao esmalte dentário.

O dentista possui um papel fundamental para orientar seus pacientes e oferecer as melhores opções de tratamento para devolver estética e/ou função.

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