Abordagem clínica ao tratamento de candidíase oral em pacientes odontológicos 

Abordagem clínica ao tratamento de candidíase oral em pacientes odontológicos 

A candidíase oral, também chamada de candidose ou monilíase, popularmente conhecida como “sapinho”, é uma infecção fúngica comum na cavidade oral, afetando pacientes de diferentes idades e condições de saúde.

Quando acometidos por candidíase na cavidade oral, alguns pacientes são assintomáticos (dependo do quadro clínico), mas é comum relatarem dor, ardor, perda de paladar e dificuldade para engolir. A patologia, se não tratada corretamente, pode comprometer a saúde sistêmica.

Neste artigo, vamos abordar sobre os sintomas, formas de manifestação clínica, causas e como o dentista pode realizar o tratamento clínico.

Diagnóstico da candidíase oral

A candidíase oral, é uma infecção fúngica causada pelo crescimento excessivo de um fungo do gênero Candida sp que inclui oito espécies, sendo a mais comum a Candida albicans.

Embora a Candida faça parte da microbiota oral em forma de levedura, algumas situações clínicas locais e ou/sistêmicas favorecem a forma filamentosa da Candida sp, que é patogênica, causando sinais e sintomas incômodos ao paciente como dor, ardência, perda do paladar e dificuldade de engolir.

O diagnóstico envolve anamnese, exame clínico detalhado para analisar as características das lesões e, quando necessário, exames laboratoriais complementares, como por exemplo a citologia esfoliativa e/ou biópsia.

É importante o dentista avaliar a história médica do paciente, uso de medicamentos, e hábitos que possam predispor o paciente ao quadro patológico.

Tipos mais comuns de candidíase oral

Candidíase pseudomembranosa:

  • Forma mais comum de manifestação;
  • Aspecto de “leite talhado”;
  • Pseudomembrana espessa e aveludada ou placas de cor branca/amarelada;
  • Pode ser removidas com certa facilidade, deixando uma área eritematosa subjacente;
  • Geralmente ocorre em recém-nascidos, em pacientes imunocomprometidos, diabéticos e pacientes que utilizam fármacos imunossupressores.

Candidíase eritematosa

  • Áreas avermelhadas e dolorosas;
  • Pode surgir como consequência da candidíase pseudomembranosa aguda persistente;
  • Geralmente associada ao uso de corticosteroides, antibióticos de largo espectro e paciente HIV positivos.

Candidíase hiperplásica

  • Menos comum;
  • Áreas brancas não removidas por meio de respagem;
  • Apresenta lesões discretas crónicas que variam de pequenas, palpáveis e translúcidas a grandes placas densas e opacas, com áreas duras e ásperas à palpação;
  • Epitélio hiperplásico acompanhada por um infiltrado inflamatório.

É importante também considerar que podem ocorrer outras lesões orais que podem coexistir com a Candida sp. Conheça as mais comuns:

  • Quelite angular;
  • Estomatite protética;
  • Glossite romboide mediana;
  • Eritema gengival linear.

Após o diagnóstico, o profissional deve avaliar as causas, apresentar ao paciente as opções de tratamento e a importância de mudar os hábitos e controlar doenças sistêmicas (se houver), para não acontecer a recorrência do quadro.

A colaboração do paciente e o entendimento sobre as causas e medidas preventivas é fundamental para o sucesso do tratamento.

Além disso, o acompanhamento clínico é de extrema importância para monitorar a resposta ao tratamento e evitar recorrências.

Causas da Candidíase Oral

Em relação as condições que favorecem o surgimento da candidíase na cavidade oral, podemos citar fatores sistêmicos e locais.

Em relação aos fatores sistêmicos, podemos citar como causas mais comuns:

  • Pacientes com imunidade reduzida, como por exemplo recém-nascidos, idosos, pacientes oncológicos e pacientes HIV positivo;
  • Pacientes com comorbidades;
  • Pacientes transplantados;
  • Uso prolongado de medicamentos: corticóide (inalatório ou sistêmico), imunossupressores e antibióticos de largo espectro;
  • Hipotiroidismo;
  • Diabetes.

Já os fatores locais estão relacionados à cavidade oral. São eles:

  • Higiene bucal deficiente;
  • Perda de dimensão vertical de oclusão (DVO);
  • Uso de prótese total ou prótese parcial removível;
  • Hipossalivação;
  • Xerostomia;
  • Acidez salivar.

Além dos fatores citados, o alcoolismo, tabagismo, desnutrição e estresse também são fatores que influenciam na manifestação patogênica da Candida sp.

Orientações sobre prevenção da candidíase oral

  • Tratamento e controle de doenças sistêmicas;
  • Não fazer uso indiscriminado de medicações que podem desencadear a forma patológica da Candida sp;
  • Higienização diária de próteses removíveis;
  • Substituição de próteses removíveis antigas (com mais de cinco anos de uso);
  • Evitar ingestão frequente de alimentos ricos em açúcar;
  • Evitar ingestão frequente de alimentos ricos em leveduras;
  • Não compartilhar objetos pessoais que tenham contato direto com a boca;
  • Lavar bem as mãos antes de tocar na boca ou de cuidar da higiene bucal;
  • Em bebês, evitar o uso prolongado de chupetas, mamadeiras ou bicos de silicone.

As causas da candidíase oral são multifatoriais, envolvendo tanto fatores sistêmicos quanto locais, por isso é fundamental que os dentistas orientemos pacientes sobre a importância de manter uma boa higiene oral e conscientize dos fatores que podem aumentar o risco da patologia.

Tratamento da candidíase oral

Reconhecer os sinais e sintomas da candidíase oral é fundamental para implementar um plano de tratamento eficaz e promover a saúde bucal, prevenindo a disseminação para outras áreas da cavidade oral e o comprometimento da saúde sistêmica.

O tratamento inclui a identificação, controle e/ou eliminação do fator responsável e o uso de medicamentos antifúngicos (local e/ou sistêmico).

A conduta clínica será decidida pelo dentista, de acordo com as características do caso clínico, sintomatologia e fatores que desencadearam o quadro.

Conheça as abordagens mais comuns, que podem ser utilizadas de forma isolada ou associada:

  • Antifúngicos locais: uso tópico, geralmente em solução ou gel;
  • Antifúngicos sistêmicos: em casos mais severos ou resistentes, pode ser prescrito antifúngicos sistêmicos;
  • Terapia fotodinâmica: indicada geralmente em casos de resistência à antifúngicos ou associada à outras modalidade de tratamento, utiliza um agente fotossensibilizante que, ao ser ativado por luz de comprimento de onda específico, resulta na destruição das células fúngicas.

Além dessas medidas, cuidados complementares como alimentação saudável, não fumar, higiene bucal adequada, manutenção da prótese removível (se houver) e controle dos fatores sistêmicos são fundamentais para evitar a recorrência da patologia.

O sucesso do tratamento clínico depende da abordagem individualizada, considerando as necessidades de cada paciente e as características do caso clínico.

O acompanhamento regular do paciente e o controle dos fatores de risco são fundamentais para garantir a saúde oral, sistêmica e evitar a recorrência da patologia.

Pacientes que apresentam o quadro fúngico com frequência devem ser avaliados quanto a possíveis condições que possam contribuir para a reinfecção.

Conclusão

A candidíase oral é uma condição comum, mas muitas vezes subdiagnosticada, o que pode afetar a qualidade de vida e a saúde sistêmica dos pacientes.

Cabe ao dentista avaliar os fatores de risco e realizar uma bordagem multidisciplinar, para escolher o tratamento ideal para cada situação clínica.

Por isso, é fundamental o profissional ter ciência das causas, sintomas, diagnóstico e protocolos de tratamento para evitar candidíase de repetição na cavidade oral.

Além disso, a orientação dos pacientes sobre a importância da higiene bucal adequada e a identificação de fatores de risco garantem o sucesso do tratamento clínico.

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