O amálgama dental é um material restaurador que por muito tempo foi utilizado pelos dentistas, mas que perdeu força nos últimos anos em decorrência da crescente demanda por restaurações estéticas.
Seu uso sempre gerou dúvidas e controvérsias, principalmente devido à presença de mercúrio – um metal pesado tóxico – em sua composição.
Ao longo deste texto, saiba mais sobre o amálgama dental, seu papel na odontologia atual e os principais mitos e verdades envolvendo o uso e descarte do material.
O que é amálgama?
O amálgama é uma liga metálica composta por diversos componentes, como prata, estanho, cobre e mercúrio. Esse material foi um marco na odontologia, sendo utilizado no dia a dia dos dentistas por séculos.
Para utilizá-lo, o profissional precisava manipular o material manualmente, em proporções exatas, com o auxílio de uma espátula e um recipiente. O processo exigia precisão e cuidado extra, já que o mercúrio – um dos componentes, oferece riscos à saúde se manuseado incorretamente.
Hoje, no entanto, é possível encontrar versões em cápsulas, para uma aplicação simples e rápida. Essa apresentação além de segura, é prática, pois contém a dose ideal para o procedimento restaurador.
Amálgama e o papel na odontologia
Por muito tempo, o amalgama foi o material de escolha dos dentistas, se mostrando extremamente eficaz em casos de:
- Restaurações diretas para dentes posteriores;
- Pacientes com higiene oral precária;
- Preenchimento para peças protéticas;
- Restaurações subgengivais;
- Sistema único de saúde (sus).
Vantagens do amálgama dental
Amplamente utilizado para tratar cavidades dentárias, o amálgama traz diversas vantagens aos procedimentos restauradores.
O amálgama é um material restaurador muito fácil de usar:
- A técnica envolvida é simples e rápida de ser realizada pelo cirurgião-dentista.
- As novas versões encapsuladas facilitam o processo de mistura e aplicação na cavidade bucal.
A durabilidade e longevidade clínica são grandes diferenciais dessa liga metálica:
- Apresenta alta resistência a forças mastigatórias e menor incidência de lesões por cárie.
- Em alguns casos, a restauração de amálgama pode durar mais de 30 anos na boca do paciente.
O material costuma ser mais acessível do que outras opções disponíveis para restauração
- Permite atender diferentes públicos, incluindo pessoas com menor poder aquisitivo;
Desvantagens do amálgama dental
Embora seja um material de grande sucesso clínico, há também algumas desvantagens em utilizar essa liga metálica para restaurações odontológicas.
A estética é um dos principais problemas relacionados ao amálgama de prata:
- Por ter um aspecto escurecido, o material acaba contrastando com a cor natural do dente, principalmente em locais mais aparentes.
- Além disso, com o passar do tempo, as ligas metálicas podem causar pigmentações indesejáveis nos dentes restaurados e vizinhos, prejudicando a estética.
Outro ponto negativo é que o amálgama não possui adesividade com a estrutura dentária:
- A aplicação exige um preparo retentivo, ocasionando maior desgaste dental e, portanto, fragilizando os dentes.
- Em cavidades profundas, isso pode representar maior chance de fraturas dentais.
O gerenciamento de resíduos é outra grande desvantagem do uso do amálgama dental:
- Qualquer material em contato com o mercúrio ou amálgama deve ser colocado em saco selado de polietileno.
- As cápsulas devem ser destacadas em recipientes específicos, vedados, contendo água suficiente para cobri-los, e encaminhadas para coleta especial.
Mitos e verdades sobre o uso de amálgama
Existem muitos mitos e controvérsias envolvendo o uso do amálgama na odontologia, isso porque a presença de mercúrio em sua composição levanta preocupações sobre a segurança e os efeitos negativos.
Contudo, organizações como a American Dental Association (ADA) e a Food and Drug Administration (FDA) afirmam que o amálgama dental é um material restaurador seguro e durável, e que não há evidências que comprovem a existência de uma associação causal entre mercúrio do amálgama dental e danos à saúde.
Além disso, alguns estudos indicam que, quando utilizado em restaurações bucais, o mercúrio metálico permanece estável e não representa riscos significativos à saúde humana. Outros apontam que o uso de irrigação, sugador e isolamento absoluto já são suficientes para filtrar o vapor de mercúrio gerado durante o procedimento odontológico.
Por outro lado, quando o amálgama é descartado de maneira inadequada, o mercúrio se transforma em metilmercúrio, substância tóxica que oferece tanto riscos à saúde pública quanto ao meio ambiente.
A Anvisa, por exemplo, desde 2019 proíbe a fabricação, importação, comercialização e o uso de amálgama de mercúrio não encapsulada, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais decorrentes dessa substância.
Cuidados ao utilizar o amálgama dental
Até o momento, não há estudos científicos suficientes que comprovem que o amálgama cause danos à saúde, desde que o material seja manuseado adequadamente.
Em todo caso, ao utilizar o produto, recomenda-se:
- Manter o ambiente ventilado ao manusear, aplicar ou remover o material;
- Usar equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, como luvas, máscara e óculos de proteção;
- Fazer o isolamento absoluto do campo operatório para evitar a exposição do amálgama à mucosa do assoalho da cavidade bucal;
- Usar jatos de água e sugadores de alto volume para reduzir o calor e minimizar a liberação de partículas, prevenindo a inalação;
- Evitar tapetes e carpetes no consultório;
- Entre outras medidas de biossegurança.
Uso da amálgama dental na odontologia atual
Atualmente, a amálgama tem perdido espaço para outros materiais restauradores, como as resinas compostas, que apresentam melhor estética, boa capacidade adesiva e biocompatibilidade.
Além disso, muitos pacientes solicitam a substituição da amálgama em restaurações antigas, pois desejam uma aparência mais discreta e natural. Logo, é importante que o dentista tenha cautela e avalie a real necessidade da remoção do material.
A substituição das restaurações de amálgama apenas com base no argumento da toxicidade, por exemplo, não é apoiada por evidências científicas e, portanto, não é justificada.
Em contrapartida, em casos em que há necessidade de remoção da liga metálica, seja devido à infiltração de cárie, exigência estética, fratura ou perda das restaurações, um protocolo seguro e efetivo deve ser aplicado.
Embora o amálgama dental tenha sido uma solução eficaz para restaurações por décadas, houve uma grande transformação na escolha de materiais restauradores, que atendem melhor às necessidades estéticas dos pacientes.
Contudo, cabe ao dentista analisar cada caso de forma individual, considerando não apenas os fatores estéticos, como também questões relacionadas à longevidade do procedimento e hábitos de higiene bucal, para garantir um bom resultado.
Fontes consultadas:
http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72722016000100013
https://site.crosp.org.br/uploads/paginas/1cf890b25710ee23bb6d39e650761c82.pdf
https://www.crogo.org.br/site/images/Informativo_Tema_n%C2%BA_4_-Restaura%C3%A7%C3%B5es_em_Am%C3%A1lgama_Odontol%C3%B3gico-_Am%C3%A1lgama_e_Resina_Composta_em_dentes_posteriores.pdf
http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2023/09/Artigo-do-am%C3%A1lgama-para-a-Vozes-dos-Vales.pdf